Thais Carla quebra tabus: cirurgia bariátrica gera fogo cruzado no movimento body positivity

O que motivou a decisão de Thais Carla?

Thais Carla, influenciadora com mais de 3,5 milhões de seguidores, construiu sua carreira defendendo a diversidade de corpos e a aceitação sem medidas. Aos 33 anos, porém, ela tomou um rumo inesperado: em abril de 2025 passou por uma cirurgia bariátrica no Hospital Aliança Star, em Salvador. O procedimento, conhecido como bypass gástrico, reduz o estômago e desvia parte do intestino para limitar a absorção de calorias.

Antes da operação, a modelo pesava 170 kg. Seguiu recomendações médicas rigorosas, perdendo 30 kg com dieta controlada para preparar o corpo. Após o procedimento, o número despencou: mais de 60 kg a menos, chegando a 110 kg. A mudança física foi drástica, mas o que realmente moveu Thais foi o desejo de estar mais presente para seus dois filhos. "Ser mãe mudou minha perspectiva. Quero brincar, correr, viver sem limitações", explicou em stories recentes.

Além da motivação familiar, Thais citou questões de saúde que começaram a impactar seu dia a dia: falta de energia, dores nas articulações e dificuldade para realizar tarefas simples. O diagnóstico de comorbidades leves, como hipertensão controlada, também entrou na balança de decisão. Ela ressalta que a cirurgia não foi um ato impulsivo, mas o culminar de um processo de acompanhamento com nutricionistas, endocrinologistas e fisioterapeutas.

Repercussão nas redes: críticas, apoio e o debate sobre body positivity

O anúncio da cirurgia detonou uma avalanche de mensagens nas contas de Thais. Muitos seguidores se sentiram traídos, acusando-a de hipocrisia. Comentários como "ela defendia a obesidade a qualquer custo" e "agora vai lucrar com a mesma gente que a apoiou" dominaram a seção de comentários nas primeiras 24 horas.

Entre as críticas mais frequentes, dois pontos se destacaram:

• Suposta contradição entre promover o amor ao próprio corpo e buscar a perda de peso por meios cirúrgicos.
• Questionamento sobre a autenticidade da mensagem de aceitação quando a própria influenciadora opta por mudar drasticamente sua aparência.

Do outro lado da balança, uma parcela considerável do público ofereceu apoio incondicional. Mensagens como "é nunca tarde para cuidar de si" e "parabéns, que sua jornada seja leve e feliz" apareceram em destaque. O comediante Léo Lins também entrou na discussão, soltando piadas que alimentaram ainda mais o fogo cruzado entre defensores e opositores.

O caso reaviva uma discussão que vai além da figura de Thais: até que ponto figuras públicas que defendem o body positivity têm obrigação de manter a própria imagem? E quem dita o limite entre livre escolha e responsabilidade social?

Especialistas em psicologia social apontam que a pressão sobre influenciadores costuma ser desproporcional. "Quando alguém se torna símbolo de um movimento, o público tende a congelá-lo no tempo, ignorando que pessoas evoluem", comenta a psicóloga Fernanda Melo. Já nutricionistas ressaltam que a cirurgia bariátrica pode ser a melhor alternativa quando mudanças de estilo de vida não são suficientes para controlar riscos à saúde.

Thais, por sua vez, tem usado a plataforma para mostrar o processo de recuperação. Cinco meses após a operação, retornou às aulas de balé – atividade que a projetou na internet há mais de uma década. Em vídeos curtos, ela demonstra passos adaptados, enfatizando a importância de respeitar o ritmo do corpo.

O retorno ao palco funciona como símbolo de superação, mas também como ponto de partida para uma nova conversa: é possível conciliar a mensagem de aceitação com escolhas que visam melhorar a qualidade de vida? A resposta, ao que tudo indica, está nos olhos de quem acompanha a trajetória.

Enquanto o debate continua, Thais Carla segue dividindo seu tempo entre a maternidade, a dança e a construção de uma narrativa que tenta alinhar saúde e autoestima. Resta observar como essa história influenciará futuros discursos sobre corpo, saúde e liberdade de decisão no universo digital.