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Brasileirão: Jardim mexe no Cruzeiro e planeja estreia de Sinisterra contra o São Paulo

O plano de Jardim para a 22ª rodada

Mesmo vindo de um 2 a 0 sólido sobre o Atlético-MG na Copa do Brasil, Leonardo Jardim não vai repetir a escalação do jogo passado. O técnico do Cruzeiro confirmou ajustes pontuais para enfrentar o São Paulo, neste sábado, às 21h, no Mineirão, pela 22ª rodada do Brasileirão. A lógica dele não é poupar por poupar. É gestão de elenco, com olho no rendimento imediato e no que vem depois da pausa de 13 dias pela Data Fifa.

Jardim reforçou internamente um ponto que tem batido desde que chegou: ele não trabalha com a ideia de "descanso programado" se o time tem perna para competir. O foco é manter intensidade de início ao fim, algo que, na avaliação da comissão, oscilou em jogos recentes como o duelo contra o Santos, quando a equipe demorou a reativar o jogo depois de períodos de queda. Por isso, ele sinalizou um, dois ou até três ajustes de acordo com a resposta física e tática pós-partida. A decisão, como de costume, é tomada depois de cada jogo, com análise de carga, vídeo e conversa com os atletas.

Na prática, a mudança mais clara foi a entrada de Matheus Henrique no lugar de Christian. É uma troca que altera o desenho do meio-campo: Matheus entrega mais controle curto, passe de média distância e leitura de pressão, combustível para um time que quer acelerar sem perder o eixo. A base que venceu o clássico é preservada, o que mostra que a rotação, por ora, é conservadora: mexer onde a equipe pode ganhar ajuste, não quebrar a espinha dorsal.

O outro ponto que mexe com a torcida é a presença de Luis Sinisterra entre os relacionados. O colombiano ficou fora do duelo da Copa do Brasil por questões de inscrição e integração, mas agora entra como opção de banco. Ele não começa jogando. A ideia é dar minutos sob controle: sentir o gramado do Mineirão, entender a dinâmica com os meias e pontas, e iniciar o processo de entrosamento. Perfil? Extremo de aceleração, drible curto e chegada em diagonal. Ajuda a esticar a defesa adversária, especialmente se entrar quando o jogo estiver mais aberto no segundo tempo.

O contexto de tabela dá ao jogo um peso que vai além do simbolismo do Mineirão lotado num sábado à noite. O Cruzeiro chega em terceiro, com 41 pontos, mirando a vice-liderança e tentando reduzir a distância para o líder Flamengo, que soma 46. A matemática é simples: vencer é encurtar caminho e proteger o pódio. Do outro lado, o São Paulo é sétimo, com 32, e precisa de sequência para entrar no G-6. É confronto direto de ambição. Quem impõe ritmo, respira na tabela.

Essa janela de 13 dias sem jogo oficial muda o planejamento. Em vez de rodar meio time para poupar agora, a comissão prefere competir forte, seguir pontuando e usar a pausa para um bloco de treinos, recuperação e ajustes finos. Esse período é visto como valioso para acelerar a integração de Sinisterra e de outros recém-chegados, além de reforçar comportamentos sem a urgência da partida seguinte batendo à porta.

O jogo no Mineirão: o que observar

O jogo no Mineirão: o que observar

Com a base mantida, a ideia de Jardim passa por duas chaves: agressividade na primeira linha de pressão e circulação rápida para quebrar a segunda linha do adversário. Quando o Cruzeiro acelera por dentro, precisa do volante com passe vertical e do meia com giro rápido para achar os pontas no 1 contra 1. É aí que a entrada de Matheus Henrique conversa bem com o plano: menos bola rifada, mais posse qualificada entre as linhas.

O São Paulo costuma se sentir confortável em bloco médio, protegendo a área e buscando transição pelos lados. Isso exige atenção total às costas dos laterais e às coberturas dos zagueiros. O duelo nas pontas tende a ser decisivo, tanto ofensiva quanto defensivamente. Se Sinisterra ganhar minutos, a missão será atacar o espaço com mudança de direção e provocar desequilíbrios — mesmo que por 20 ou 25 minutos, o suficiente para alterar a paisagem do jogo.

Outro ponto de detalhe: bola parada. Num jogo grande, escanteio e falta lateral viram atalho de gol. O Cruzeiro tem sido eficiente quando ajusta o primeiro bloqueio na área e posiciona o rebote fora. A comissão cobra isso no treino: não basta a primeira cabeçada, é preciso organizar a segunda bola. A resposta costuma aparecer justamente nos duelos mais pesados.

Na gestão de esforços, a conta é cirúrgica. O elenco vem de sequência intensa e, mesmo com a Data Fifa à vista, ninguém quer perder o lastro de competitividade construído nas últimas semanas. Daí a opção por mudanças pontuais em vez de uma rotação ampla. A pausa, sim, será usada para recuperar quem está no limite e elevar o teto físico de quem chegou agora.

Em termos práticos, o torcedor pode esperar um time com a mesma cara do clássico: compacto sem a bola, agressivo no pós-perda e com alternância de corredor para atacar. Se o placar pedir mais velocidade, a tendência é acionar banco com peças de ruptura. Se pedir controle, o meio ganha um homem de passe para segurar o ritmo e respirar com a bola.

  • Gestão, não descanso: mudanças cirúrgicas para manter intensidade e desempenho.
  • Meio-campo ajustado: Matheus Henrique entra para qualificar a posse e o passe vertical.
  • Estreia controlada: Sinisterra como opção de segundo tempo para abrir campo e explorar o 1x1.
  • Peso de tabela: vitória pode consolidar a vice-liderança e reduzir a distância para o líder.
  • Olho na pausa: 13 dias para treinar, recuperar e integrar reforços antes da decisão da Copa do Brasil.

Calendário à frente? Depois deste sábado, o Cruzeiro para e volta a campo em 11 de setembro, no Mineirão, contra o Atlético-MG, pela volta das quartas da Copa do Brasil. É um recorte que permite à comissão montar microciclos de treino, revisar padrões ofensivos e defensivos e ajustar rotas individuais. A ideia é simples: competir forte hoje e chegar mais inteiro no mata-mata, sem perder tração no Brasileirão.

Clima no estádio deve ajudar. Noite, Mineirão, jogo grande e briga por topo de tabela costumam criar aquela energia que empurra a equipe a morder mais alto e correr um passo além. Para Jardim, a mensagem é coerente com o que ele faz desde o início: manter a base, calibrar detalhes e escolher bem a hora de mexer.

agosto 31, 2025 / Esportes /
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