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Tarifas dos EUA ameaçam exportações brasileiras e governo corre para proteger setores

Brasil às vésperas das tarifas: riscos e medo nos setores exportadores

O clima de urgência tomou conta do Planalto. Faltando poucos dias para o início das tarifas americanas de 50% sobre todas as exportações brasileiras, o cenário é de apreensão generalizada entre empresários, produtores e autoridades. Desde a decisão anunciada por Donald Trump, antigos parceiros comerciais se sentiram jogados na defensiva, já que boa parte do agronegócio, da indústria e da tecnologia nacional depende — e muito — do acesso ao mercado dos Estados Unidos.

Trump justificou as tarifas falando em "ameaças extraordinárias" aos interesses econômicos e à segurança dos americanos, o que criou mais tensão ainda. E, mesmo após um contato longo entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA Howard Lutnick, o governo brasileiro percebeu que não há sinal concreto de abertura para o diálogo. A frase ácida de Lula, dizendo que "Alckmin liga todo dia, mas ninguém atende", resume o clima de frustração por aqui.

Os números do comércio exterior não deixam dúvidas: apenas em 2024, produtos como soja, suco de laranja, café e aeronaves responderam por bilhões em receita externa para o Brasil. A partir de agosto, todos esses segmentos passarão a enfrentar custos proibitivos para vender nos EUA, principal destino de muitos desses itens. O receio é imediato: cancelamentos de contratos, desaceleração na produção, perda de empregos e impacto em toda a cadeia econômica.

Governo prepara pacote de socorro enquanto busca diálogo

Governo prepara pacote de socorro enquanto busca diálogo

Diante da paralisia nas negociações, o ministro Fernando Haddad correu para montar um pacote emergencial. Entre as ideias está a abertura de linhas de crédito específicas para os setores mais afetados, subsídios para exportação e até um plano de questionamento legal junto à OMC, seguindo protocolos internacionais para não esbarrar em novas retaliações. Tudo isso estava pronto para ser assinado por Lula, caso não surja nenhum aceno positivo de Washington.

Empresários e associações setoriais, como as dos citricultores, cafeicultores e da Embraer, tentam obter exceções para seus produtos, pressionando lobistas nos EUA. O tempo joga contra. Ainda nesta semana, uma comitiva do Senado embarca para Washington, numa última tentativa de sensibilizar parlamentares americanos antes das tarifas entrarem em vigor. Eles apostam que convencer deputados e senadores pode ser mais efetivo do que esperar uma resposta do Executivo americano, atualmente focado em costurar acordos paralelos com países considerados mais alinhados aos EUA.

No radar dos economistas, o medo é que a crise vá além das exportações. Uma medida dessa magnitude pode assustar investidores estrangeiros e provocar mais instabilidade na cotação do real, que já opera sob pressão desde que surgiram rumores sobre a taxação. Os próximos dias vão exigir respostas rápidas e negociações nos bastidores se o país quiser evitar um desastre nos mercados e preservar empregos e renda em meio a tanta turbulência comercial.

agosto 10, 2025 / Economia /
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