Os Ministério da Educação (MEC) abriram até 23 de outubro de 2025 a janela para que gestores estaduais, municipais e do Distrito Federal revisem, confirmem ou, se necessário, retifiquem online os relatórios por escola do Censo Escolar 2025. A ação, prevista na portaria n.º 650/2025 publicada no Diário Oficial da União em 23 de setembro, deve acontecer no Sistema Educacenso, plataforma oficial para coleta de informações educacionais.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou na segunda-feira os resultados preliminares da primeira etapa, que cobre estabelecimentos, turmas, alunos, gestores e profissionais em sala de aula. Esses números são o alicerce para políticas públicas, alocação de verbas e metas de qualidade. Sem dados corretos, os recursos podem ser distribuídos de forma desigual, deixando escolas em áreas vulneráveis ainda mais desamparadas.
Para ajustar as informações, o gestor deve acessar o Sistema Educacenso com seu login institucional, selecionar a escola e comparar os valores enviados até 31 de julho de 2025 com a realidade local. Caso encontre divergências – por exemplo, número de matrículas, séries ou professores – basta editar o campo e salvar. O sistema registra a data da alteração e gera um protocolo de auditoria.
Para entender a importância desse procedimento, vale lembrar que o Brasil conta com 178,5 mil escolas e 47,3 milhões de estudantes na educação básica, segundo o Censo Escolar de 2023. Naquele levantamento, observou‑se uma queda de cerca de 77 mil matrículas entre 2022 e 2023, sobretudo na rede pública. Fernanda Seidel, gerente de avaliação e prospecção do Itaú Social, apontou que a diminuição está ligada à repetência, evasão e distorção de idade/ série, com impactos mais fortes sobre alunos negros e indígenas.
Vários secretários de educação já manifestaram apoio ao prazo maior de correção. O secretário de Educação de São Paulo, por exemplo, declarou que a extensão permite "garantir que cada escola rural tenha sua realidade refletida nos números, evitando cortes indevidos de recursos". Por outro lado, algumas prefeituras menores apontam falta de pessoal técnico para operar o Sistema Educacenso, o que pode gerar atrasos nas retificações.
Se a maioria dos gestores aproveitar o prazo, o Inep terá um banco de dados mais confiável para a consolidação final, prevista para dezembro de 2025. Esse cenário favorece a definição de metas de recuperação de aprendizagem, principalmente nas áreas de educação profissional e tecnológica, onde a demanda por vagas técnicas tem crescido 12% nos últimos dois anos. Além disso, as informações corrigidas influenciam a distribuição do Fundeb, que depende das matrículas ativas para calcular a transferência de recursos aos estados e municípios.
Especialistas sugerem que os gestores:
O MEC também promete disponibilizar um tutorial atualizado no portal do Sistema Educacenso, incluindo um canal de suporte via chat para dúvidas técnicas.
Apenas gestores de educação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios que enviaram os relatórios na primeira etapa podem acessar o Sistema Educacenso para fazer ajustes. Eles precisam do login institucional fornecido pelas secretarias de educação.
Os dados permanecerão como foram enviados em julho e serão consolidados para a versão final do Censo. Isso pode gerar alocação incorreta de recursos federais, como o Fundeb, e comprometer o planejamento de políticas de ensino.
O Inep considerará número de matrículas por nível de ensino, taxa de evasão, proporção de escolas com infraestrutura adequada e dados de alunos com necessidades especiais. Esses indicadores alimentarão metas de melhoria para o próximo biênio.
O Fundeb distribui recursos com base nas matrículas ativas reportadas. Dados corrigidos podem aumentar ou diminuir o repasse a estados e municípios, garantindo que o dinheiro siga para as escolas que realmente precisam.
Fernanda Seidel, do Itaú Social, destaca que a correção é essencial para capturar a realidade de alunos vulneráveis, pois o último censo revelava alta evasão entre negros e indígenas. Ela recomenda revisar especialmente os indicadores de repetência e idade‑série.
Comentários (1)
Túlio de Melo
outubro 7, 2025 AT 04:43O censo escolar funciona como um espelho da realidade e, se o espelho estiver sujo, toda a política fica distorcida. Cada gestor deveria encarar a correção como um dever cívico e não como burocracia. O tempo até 23 de outubro é curto, mas ainda dá para alinhar os números com a realidade dos alunos. Se houver divergência, a consequência será a má distribuição de recursos, algo que afeta diretamente a qualidade da educação nas regiões mais vulneráveis. Por isso, a atenção aos detalhes é essencial