Quando a bola rola na fase de mata‑mata da Libertadores, cada lance pode mudar o destino de um time. Foi exatamente assim que o Flamengo viveu na noite de 25 de setembro, quando, apesar de perder por 1 a 0 na partida de volta contra o Estudiantes de La Plata, avançou graças a uma emocionante série de pênaltis.
A partida de volta aconteceu no Estádio Ciudad de La Plata, com o público argentino lotado e o clima carregado de expectativa. O Estudiantes precisava reverter o resultado da primeira partida, que havia deixado o placar agregado em 2 a 1 a favor do clube brasileiro. O argentino abriu o placar logo após o intervalo, mas o Flamengo reagiu com um gol precoce, fazendo 1 a 1 no regulamento e mantendo viva a esperança de avançar.
O segundo tempo foi uma verdadeira batalha de nervos. Gastón Benedetti, atacante do Estudiantes, converteu um gol aos 45 minutos do primeiro tempo, garantindo que o placar ficasse 2 a 1. Nos minutos finais, o árbitro anulou um gol flamenguista por impedimento, mantendo o empate no agregado (2 a 2) e encaminhando a partida para os pênaltis.
O que se seguiu foi um espetáculo de pressão. Cada equipe teve cinco tentativas, mas a diferença estava na postura dos goleiros. Enquanto o arqueiro do Estudiantes cedeu em duas cobranças, o goleiro argentino que defende o Flamengo, Agustín Rossi, mostrou uma serenidade rara.
Rossi não é conhecido apenas como goleiro; ele tem experiência em momentos decisivos, mas muitos torcedores flamenguistas duvidavam de sua capacidade sob pressão. A primeira defesa crucial veio contra Santiago Ascacíbar, que viu sua cobrança acertar a trave. A segunda defesa, ainda mais decisiva, foi contra um chute forte de Facundo Pellistri, que saiu para escanteio.
Com as duas defesas, o Flamengo terminou a disputa de pênaltis com quatro acertos (José Sosa, Jorginho, Luiz Araújo, Jorge Carrascal) e duas falhas do adversário (Ascacíbar e Pellistri). O Estudiantes conseguiu apenas duas conversões, selando o placar de 4 a 2 nos pênaltis.
Além das defesas, Rossi também comandou a defesa durante o tempo regulamentar, fazendo grandes intervenções que impediram o Estudiantes de ampliar ainda mais o placar. Seu posicionamento e comando de área foram essenciais para manter o equilíbrio até o fim.
Para o Flamengo, a vitória não é só mais um passo rumo ao título; é uma prova de caráter. O time mostrou que, mesmo enfrentando a pressão de um estádio estrangeiro e a necessidade de reverter um déficit, a confiança não vacilou. O treinador Renato Gaúcho elogiou a postura dos jogadores durante o discurso pós‑jogo, destacando a importância da mentalidade "ganhar a qualquer custo".
Os torcedores do Estudiantes, embora desapontados, deixaram o estádio com a sensação de ter assistido a um dos confrontos mais intensos da competição. A vibração da torcida, os cantos e a energia contagiante criaram uma atmosfera que poucos times conseguem reproduzir.
Agora, as atenções se voltam para a semifinal contra o Racing Club. O Flamengo terá que equilibrar a ousadia ofensiva que mostrou ao longo da campanha com a rigorosa disciplina defensiva demonstrada por Rossi. Se o arqueiro continuar a brilhar, as chances de chegar à final aumentam consideravelmente.
Esta partida ficará marcada nos anais da Copa Libertadores como um exemplo clássico de como a partida de pênaltis pode mudar o rumo de um torneio. O heroísmo inesperado de um goleiro, a frieza dos cobradores e a energia dos torcedores criam um cenário que faz do futebol um esporte tão apaixonante.
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