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Acusados revelam rota do assalto que matou advogado em São Paulo

Quando Luiz Fernando Pacheco, advogado criminalista e fundador do Grupo Prerrogativas, foi encontrado morto na madrugada de 1º de outubro de 2025, a cidade ainda não sabia a extensão do caminho percorrido pelos suspeitos. O relato veio dos próprios acusados, que prestaram depoimentos à Polícia Civil de São Paulo. Eles detalharam como saíram do Terminal Bandeiras, seguiram pelo Vale do Anhangabaú, passaram pela Praça da República e depois pela Praça Roosevelt, até chegarem ao bairro Higienópolis, onde o advogado foi abordado.

Contexto do crime e trajetória dos suspeitos

O grupo de quatro indivíduos vivia em situação de rua e se alimentava em um coletivo que presta refeições a pessoas vulneráveis. Por volta das 20h de 30 de setembro, decidiram percorrer o centro de São Paulo em busca de vítimas. A primeira parada foi o terminal citado, ponto estratégico que dá fácil acesso ao Vale do Anhangabaú. Não encontraram alvos lá, então seguiram para a movimentada Praça da República, onde o fluxo de pedestres costuma ser intenso à noite.

Sem sucesso, mudaram de rota e se dirigiram à Praça Roosevelt, conhecida pelos bares e pelo movimento noturno. Ainda sem oportunidade, avançaram para o elegante bairro de Higienópolis, onde a expectativa era encontrar alguém mais vulnerável. A estratégia dos suspeitos, embora lamentável, segue um padrão visto em crimes semelhantes: percorrer áreas distintas até localizar uma "facilidade".

Detalhes da abordagem e da violência

De acordo com imagens de câmeras de segurança analisadas pelos investigadores do 4º Distrito Policial, um casal se aproximou de Pacheco por volta das 01h da madrugada, anunciando o assalto. Um dos depoentes, que preferiu não se identificar, lembrou que "o advogado parecia desorientado, apoiado num poste da rua Itambé".

Quando os assaltantes tentaram retirar o relógio e o celular, o advogado reagiu bruscamente. Testemunhas disseram que ele recebeu uma cotovelada seguida de um golpe de judô, que o fez cair no chão. As convulsões que se seguiram foram fatais; ele morreu antes da chegada da polícia. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, mas o tempo de resposta não foi suficiente para salvar a vida.

"Ele não tinha documentos na hora; só identificamos o corpo depois de exames digitais no IML", explicou Ivan Filler Calmanovici, colega de trabalho no Grupo Prerrogativas. "A hipótese mais aceita é que a queda provocou as convulsões".

Investigação da Polícia Civil e evidências

Investigação da Polícia Civil e evidências

A latrocínio está sendo investigado como homicídio qualificado por roubo. A polícia civil recolheu as imagens das câmeras da região e identificou a rota completa descrita pelos próprios suspeitos. Dois deles abandonaram o local ao perceber a proximidade de uma guarita de segurança, enquanto os outros permaneceram e fugiram com celular, carteira e relógio da vítima.

Exames periciais no Instituto Médico Legal Ricardo Gumbleton Daunt confirmaram a identidade do advogado e a causa da morte: trauma craniano associado a convulsões. A Santa Casa, onde Pacheco foi levado, não conseguiu reverter o quadro.

Até o momento, quatro pessoas foram indiciadas. O Ministério Público ainda não divulgou o número exato de acusados, mas o processo segue sob sigilo até a conclusão da fase de instrução.

Repercussão no meio jurídico e comparativo com outro caso no Ceará

O assassinato de Pacheco reacendeu o debate sobre a segurança de profissionais do direito, especialmente aqueles que lidam com casos de grande exposição. Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiram nota condenando o crime e pedindo maior proteção a juristas que atuam em áreas sensíveis.

Curiosamente, o caso não ficou isolado. Em maio de 2025, o advogado criminalista Silvio Vieira da Silva foi morto a tiros em Fortaleza, no Ceará, por ordem de um chefe de facção conhecido como "Blindado". Ambos os episódios mostram como a violência pode alcançar quem defende estranhos e, muitas vezes, impopulares interesses.

Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), o crime de Silvio foi motivado por vingança ligada a um processo que resultou na indagação do próprio chefe de facção. O MPCE denunciou quatro pessoas, inclusive o colega Lucas Arruda Rolim, que teria ajudado na execução do plano.

Próximos passos e implicações

Próximos passos e implicações

Os investigadores continuam a analisar os registros telefônicos dos acusados, buscando entender se houve premeditação ou se a decisão de atacar Pacheco foi espontânea. A comunidade jurídica acompanha o caso de perto, temendo que a sensação de impunidade possa se espalhar.

Em paralelo, o Governo do Estado de São Paulo anunciou, na mesma semana, a ampliação de rondas policiais em áreas de grande fluxo noturno, como o Vale do Anhangabaú e a região da Paulista. A medida, porém, ainda não recebeu avaliações de eficácia.

Resta aguardar o desfecho do processo e observar se as mudanças propostas conseguirão coibir crimes semelhantes. Enquanto isso, o legado de Luiz Fernando Pacheco permanece marcado pelas causas que defendeu e pelo luto de colegas, amigos e familiares.

Frequently Asked Questions

Como a rota percorrida pelos suspeitos influenciou a investigação?

A trajetória detalhada – do Terminal Bandeiras, passando pelo Vale do Anhangabaú, Praça da República e Praça Roosevelt até Higienópolis – permitiu à polícia cruzar imagens de câmeras distintas, confirmando o relato dos acusados e identificando pontos onde os suspeitos foram vistos. Isso ajudou a reconstruir o crime e a localizar as duas pessoas que abandonaram o local.

Qual a relação entre o caso de Luiz Fernando Pacheco e o assassinato de Silvio Vieira da Silva?

Ambos os casos evidenciam a vulnerabilidade de advogados que lidam com áreas de risco – crimes organizados e casos de grande repercussão. Enquanto Pacheco foi morto durante um assalto, Silvio foi alvo de traição planejada. Os dois episódios reforçam a necessidade de proteção institucional para a classe jurídica.

Quantas pessoas foram indiciadas até agora na investigação de latrocínio?

A Polícia Civil de São Paulo identificou quatro suspeitos responsáveis pelo roubo e pela morte de Pacheco. Dois deles abandonaram a cena imediatamente, mas foram rastreados por meio de imagens de segurança. O processo ainda está em fase de instrução, e o número final de acusados pode mudar.

O que as autoridades pretendem fazer para evitar crimes semelhantes?

O Governo de São Paulo anunciou aumento de patrulhamento noturno nas áreas centrais, como o Vale do Anhangabaú e a Avenida Paulista. Além disso, a Secretaria de Segurança planeja instalar mais pontos de iluminação e câmeras de alta resolução para dissuadir assaltos em regiões de grande fluxo.

Qual foi a reação da comunidade jurídica ao crime?

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu nota de pesar e condenou veementemente o ato, solicitando que o Poder Público aumente a proteção a profissionais do Direito que atuam em casos sensíveis. Colegas de Pacheco lembram seu comprometimento em grandes processos, como o Mensalão.

outubro 6, 2025 / Polícia /
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Comentários (1)

Anne Princess

Anne Princess

outubro 6, 2025 AT 04:10

Que tragédia, gente!!! Não dá pra acreditar que um advogão tão comprometido tenha sido levado assim, num ataque tão brutal, sem nenhuma piedade!!! O meu coração chora por ele, pela família, e até pelos colegas que agora ficam sem essa voz tão forte no combate à injustiça!!!

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