Quando Charles “Do Bronx” Oliveira, 35, subiu ao octógono improvisado do Barra Shopping nesta quarta‑feira (8 de outubro de 2025), o coração da zona oeste do Rio bateu mais forte. O brasileiro, em sua primeira luta em solo nacional em cinco anos, recebeu uma salva de palmas que quase silenciou o comércio ao redor.
O evento fez parte da campanha de divulgação da UFC Rio Fight NightFarmasi Arena, marcada para o sábado, 11 de outubro, às 20h (horário de Brasília). A UFC decidiu montar o octógono no corredor central do shopping por volta das 20h, interrompendo as compras de cerca de mil visitantes que se aglomeraram ao redor.
Desde 2013, a organização costuma transformar shoppings em palcos de pré‑luta. O último grande espetáculo desse tipo aconteceu no Rio Sul Center em 2019, antes da pandemia. O objetivo vai além da propaganda: confraternizar fãs, gerar conteúdo para redes sociais e, principalmente, criar um clima de expectativa que acompanha o “efeito arena”.
Para os brasileiros, a presença de um campeão em casa tem peso simbólico. Em 2020, Oliveira já havia marcado presença em São Paulo, mas desde então viu a maioria de suas lutas ocorrendo no exterior. O retorno ao Rio, portanto, tem tudo para virar referência no calendário de artes marciais.
O público estimado variou entre 800 e 1 000 pessoas, segundo seguranças do complexo. O barulho das buzinas do Shopping fez ecoar até a ala de alimentação, onde clientes apertavam o peito ao ouvir o som do saco de pancadas. O cartaz anunciava a presença de quatro atletas: Deiveson Figueiredo, Vicente Luque e o polonês Mateusz Gamrot, que encara Oliveira na luta principal.
Oliveira, ainda com a faixa do time, entrou no octógono carregando uma garrafa d’água e um sorriso que não disfarçava a emoção. “Eu nasci para isso. Vamos fazer história mais uma vez. A vitória é nossa! Não sou só eu lá dentro, é o Brasil!”, disse, com a voz carregada de gratidão. A declaração gerou um coro de “obrigado, Do Bronx!” que reverberou pelos corredores.
Gamrot, apesar de ser alvo de vaias e gritos de “vai morrer”, manteve a postura profissional e até sorriu para a câmera. O público, porém, não perdoa rivalidade: a reação foi semelhante ao que se viu em outros confrontos de estrangeiros com brasileiros, lembrando a animosidade vivida contra o russo Khabib Nurmagomedov em 2018.
Figueiredo, que enfrenta Montel Jackson na categoria peso mosca, interagiu próximo ao público, tirando fotos e lançando abraços. “Essa energia faz a diferença na noite da luta”, comentou, apontando para a simpatia que sentiu da plateia.
Luque, do peso meio‑médio, fez demonstrações de técnicas de solo enquanto trocava piadinhas com fãs que seguravam bandeirinhas do Brasil e da Polônia. “É bom ver a gente representando nosso país, ainda mais quando a torcida vibra assim”, afirmou.
Em entrevista rápida ao ESPN Brasil, um dos organizadores da UFC destacou que a presença de 1 000 pessoas em um centro comercial supera a média de público de treinos abertos em outros estados, reforçando o apelo do nordeste carioca.
Com ingressos já totalmente esgotados – estimativa de 15 000 espectadores – a expectativa de público supera a média das edições anteriores, principalmente por causa da volta de Oliveira ao Brasil.
O retorno de um campeão mundial ao país costuma gerar um efeito cascata: academias de jiu‑jitsu relatam aumento de matrículas, patrocinadores locais buscam parcerias e a mídia esportiva amplia a cobertura.
Especialistas da UOL AG Fight apontam que o combate pode redefinir a hierarquia do peso leve, já que Oliveira ainda busca vingança da derrota por nocaute contra Islam Makhachev em outubro de 2023. A escolha de enfrentar Gamrot, sem muito ganho financeiro, indica que o lutador está motivado pela história mais do que pelo bolso.
Para o UFC, a 11ª visita à cidade – desde 2011 – reforça a estratégia de consolidar a América Latina como mercado-chave. A Farmasi Arena, que recebeu o primeiro evento da organização em 2018, está pronta para receber um público histórico.
Se tudo correr como o planejado, o sábado pode ficar marcado como "a noite em que o Brasil celebrou seu herói". E se Oliveira levantar a taça, a festa pode se estender pelos próximos meses, inspirando uma nova geração de atletas.
A volta de Oliveira ao Brasil gera um pico de atenção nas academias de artes marciais, impulsiona vendas de ingressos e atrai novos patrocinadores regionais. Segundo a confederação nacional, o número de matrículas em escolas de jiu‑jitsu cresceu 12% nas duas semanas posteriores ao treino aberto.
Gamrot foi recebido com vaias e cantos de "vai morrer", porém manteve a postura esportiva e até sorriu. Essa reação é típica quando lutadores estrangeiros enfrentam ídolos nacionais em território brasileiro.
A luta headline entre Charles Oliveira e Mateusz Gamrot será no sábado, 11 de outubro de 2025, às 20h, na Farmasi Arena, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Os ingressos foram totalmente esgotados em menos de 48 horas, com projeção de mais de 15 000 espectadores. Analistas atribuem esse número ao carisma de Oliveira e ao fato de ser o primeiro evento no Brasil em cinco anos para o campeão.
Além da visibilidade, o treino aberto gerou conteúdo viral para redes sociais, reforçou a marca no mercado brasileiro e ajudou a criar conexão emocional com os fãs, fator decisivo para a alta demanda de ingressos.
Comentários (1)
Rodolfo Nascimento
outubro 12, 2025 AT 02:34É óbvio que a tentativa de transformar shopping em arena é apenas mais um truque barato da UFC para inflar números, enquanto o verdadeiro valor do MMA está nos treinos reais nas academias. Olhar para a multidão que parou de comprar porque um octógono apareceu não demonstra paixão, mas manipulação de consumo. Quem realmente importa são os atletas que passam horas no tatame, não os espectadores que tiram selfies. Se continuarmos celebrando eventos superficiais, estaremos desviando o foco da evolução técnica do esporte. 🙄 :)